Diante dessa decisão, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), chegou a admitir um mal-estar entre os deputados e tinha sinalizado que as negociações para votar o pacote fiscal do governo estavam travadas. Foi apenas depois de uma reunião de Lira com líderes partidários que a votação foi realizada.
Ainda, o governo sinalizou com a liberação de R$ 7,8 bilhões em emendas parlamentares individuais e de bancada nos próximos dias. Segundo apurou o g1/TV Globo, o pagamento desses quase R$ 8 bilhões deve ser feito na sexta (6).
Mas o que os deputados não queriam enxergar é que Flávio Dino não é o "longa manus" de Lula no STF. O ministro tem uma longa história na política e na magistratura que mostra que ele sabe pensar pela própria cabeça.
Se o governo quisesse jogar junto com Dino teria feito algum gesto de apoio. Mas como a decisão dele foi corroborada pelos outros ministros, preferiu deixar o STF exposto porque não teve coragem de fazer esse embate. E o Supremo também acha que o governo podia ter se colocado nessa discussão e nada fez, lavou as mãos.
Pacote fiscal
As propostas enviadas pelo governo — um projeto de lei, um projeto de lei complementar e uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) — incluem ajustes orçamentários que buscam equilibrar as contas públicas, impactando áreas como aposentadorias e salário mínimo. Com as medidas, o Planalto prevê economizar R$ 375 bilhões até 2030.
A recepção aos projetos, anunciados na última semana pela equipe de Fernando Haddad, já não havia sido satisfatória em diversos setores do Congresso — grande parte influenciada pelo anúncio de uma reforma no Imposto de Renda.
E o cenário político, que já estava agitado pelas demonstrações do mercado financeiro, ficou ainda mais bagunçado com as determinações de Dino desta semana.